Autor: Eleonor Hertzog
Editora: Dracaena
Avaliação: 4 estrelas
Feliz Páscoa!
Ninguém sabe exatamente quais são os critérios de seleção da Escola Avançada de Champ-Bleux, mas não há como discutir sua eficácia. Seus exames de ingresso não erram nunca! Entre milhares de candidatos de todos os pontos da Terra, apenas duzentos e cinquenta são escolhidos a cada semestre. E, num mundo onde ser cientista é o maior status que alguém pode desejar, a Escola Avançada de Champ-Bleux forma aqueles que são disputados a peso de ouro. Doris e Henry Melbourne são cientistas formados por Champ-Bleux. Aparentemente, são biólogos marinhos. Aparentemente, suas vidas se centram no Cisne, barco de pesquisas onde moram com os filhos. E, também aparentemente, são terráqueos... Seus filhos acreditam em todas essas aparências – ao menos por enquanto. Seguindo os passos dos pais, os jovens Melbourne fizeram os exames de ingresso para Champ-Bleux. Enquanto, cheios de expectativa, aguardam os resultados para saber se ao menos um deles entrou na Escola Avançada, veem-se envolvidos numa questão diplomática entre Terra e Tarilian, o único outro mundo habitado que os terráqueos conhecem. Inesperadamente, o futuro das relações entre os dois mundos vai ser decidido em um barco no meio do oceano! Mal sabem eles que isso é apenas o começo... Logo precisarão decidir pela Terra inteira!
Se eu tivesse que descrever o meu sentimento durante a leitura deste livro eu diria somente: curiosíssima! No meio de tantos aparentemente da sinopse, vocês devem ter notado, este livro aparentemente é apenas mais um livro juvenil com alguns mistérios. Porém, você se engana, o livro realmente tem uma pegada meio juvenil, mas é encantador. Eleonor tem uma escrita cativante, ela se utiliza de expressões bem brasileiras em alguns pontos, o que me fez achar muita graça em vários pontos e ao mesmo tempo amar a confusão bem colocada que se passa nele.
Primeiramente, ela consegue tornar corriqueiro o que de maneira nenhuma seria. A Terra não é o único planeta habitado no universo, existe também Tarilian, que segue a mesma rota da Terra em torno do Sol, só que exatamente no lado oposto e por isso nunca tinha sido visto até uns 50 anos atrás, quando este foi descoberto pelo avanço espacial da Terra. O que deixa a Terra meio descontente é o fato de Tarilian ser muito mais avançado tecnologica e cientificamente do que a própria Terra. Há muito rancor da parte dos dois planetas, pois apesar da superioridade tecnológica de Tarilian, nosso planeta tem uma característica peculiar, o fato de conseguirmos nos relacionar com os mais diferentes grupos étnicos e comportamos tantos, sem falar da criatividade inerente dos habitantes daqui.
No meio de toda essa questão, está o Intercâmbio que é o único local seguro para troca de experiências entre a Terra e Tarilian. Depois de uma enorme mancada deste intercâmbio, dois cientistas Tarilianos começam essa experiência com muito sofrimento. A solução encontrada foi mandar os dois terminarem o estágio em outro local...
Entre tantas voltas, se encontra o Cisne, barco de pesquisa de biologia marinha dos doutores Henry e Doris Melbourne, que incrivelmente apresentam uma pequena coleção de sete filhos e mais uma adotada. E, a maioria destes são gêmeos. As duplas são Teo e Ted, Tim e Tom e mais os que não têm irmãos gêmeos, Pam, Lis e Bobby, por último Peggy que é a adotada. O mais novo é Bobby, de 8 anos e o mais velho é Teo de 17 (ele nasceu minutos antes de Ted, rs).
Da pequena quantidade de filhos que os doutores Melbourne têm, o que eu mais me afeiçoei, sem dúvida, foi Tim, ele é louco, cativante, adora tirar sarro dos irmãos e apresenta uma inteligência fora do normal. Fora do normal para o padrão até da família, que é totalmente formada por pessoas com uma inteligência fora do normal. Ele é super afeiçoado à irmã Peggy, que na verdade não é irmã de verdade, já que só mora com eles há 2 ou 3 anos, e eu não sei se a ligação entre eles é especial demais e intocável ou se quero que eles esqueçam esse negócio de a Peggy ser tratada como irmã e namorem logo, porque eles dão muito certo. Tenho absoluta certeza que Tim apresenta muitos sentimentos por ela e em algumas partes adoraria se a história fosse narrada do ponto de vista dele. Geralmente é do de Henry ou de Peggy e em alguns momentos de outros personagens como Tom e Ted ou até o de Pete, que só aparece lá pelo meio da história.
Só que há toda uma parte da vida de Peggy que nenhum deles conhece e que é bem complicada. O livro começa realmente bem misterioso e aos poucos vamos entendendo mais as coisas e no fim acabamos mais curiosos do que no início, porque o livro, apesar das 832 páginas, tem uma continuação, a isso se deu minha afirmação no começo da resenha. Durante todo o tempo de leitura não pude deixar de me admirar com as sacadas inteligentes dos personagens e me aborrecer com alguns também.
Sinto o tempo todo insegurança e a sensação de que há uma face de todo o mal por detrás de muitas coisas estranhas. O que eu definitivamente me aborreci é o controle obcecado pela vida dos filhos que alguns pais exercem, sem nem os comunicá-los sobre nada, achei que se fosse comigo eu ficaria chateada demais. Porém, essa é a grande sacada da história. Acho que esse negócio de entenda você mesmo é chato, mas faz bem.
É muito mistério num livro só! Adorei, porque gosto de ficar tentando adivinhar junto com os personagens o que seria isso ou aquilo. A autora criou um mundo bem inovador e poderíamos imaginar hoje a Terra que ela descreve, apesar de algumas partes meio fantasiosas, muitas são plausíveis. Enfim, este é um livro que recomendo e para todos os públicos, me arrisco até a dizer que, da literatura brasileira contemporânea, este foi um dos melhores livros que já li, principalmente pela história incomum. Parabéns à Eleonor, que conseguiu extrair uma história tão interessante de um tema que pouca gente se interessa. E se existisse por aí muitos mundos habitados além do nosso?
Quanto à capa eu achei fofa e como alteração só mudaria e organizaria um pouco a fonte da sinopse atrás do livro. As folhas são amarelas e facilitam a leitura, a fonte é grande, o espaçamento é adequado. Outra alteração que sugiro seriam mais demarcações de seções nos capítulos, porque em muitos momentos da leitura me perdi um pouco com isso. Além disso, não encontrei muitos erros graves, mas alguns precisam de uma revisão, mas não se assuste, é perfeitamente compreensível.
Algo que me confundiu no começo foram os nomes parecidos dos gêmeos, mas superei no decorrer da leitura. Apesar de ser um livro grande, ele conseguiu nos prender e deixar ainda muitos temas a serem explanados no decorrer do segundo livro, que eu espero ler e entender todo esse mistério de intenções. Não gostei muito do Paul, ele é irritante com todas estas tramoias, porém fazer o que, né? Tem que ter alguém irritante para apimentar a história.
É um livro que eu recomendo muito e não só para crianças e adolescentes, já passei dessa fase e mesmo assim consegui me envolver muito com o livro e também ter ataques de riso com as peripécias de Tim e dos outros garotos. No decorrer do enredo, nos deparamos ainda com outros personagens que enriquecem o conteúdo e também nos fazem rir mais ainda. É essencialmente engraçado, mas essa não é a única mensagem, o conteúdo é relevante e muito inteligente.
Algo que eu achei especialmente engraçado:
"- Eu pego vocês dois!! EU PEGO!
Tim e Peggy debandaram para a proa, rindo, e Tim rapidamente apanhou uma espada deixada bem a jeito.
- Penduro os dois no mastro!! Atiro pela prancha!! Sal no meu rum!! Pimenta no meu rum!! E eu tive que tomar tudo, TUDINHO!!!"
São umas pestes mesmo...
Beijos,
Juu ;))
ResponderExcluirAdorei a resenha! Hoje é o dia de ler resenha de livros que "aparentemente" eu não leria e a resenha me cativa!
Fiquei curiosa demais! E sim, tbm deliro com os personagens, fico tentando advinhar o que está na próxima página! haha Não consigo controlar, minha mente voa e vai além!
Beijão Ju
Pri
Baú de Histórias
own que capa fofa!
ResponderExcluirAdorei a resenhas, mas esse ainda não li!
:D
Feliz pascoa!
Beijos
Blog da Cih
Olá! Tudo bom?
ResponderExcluirTenho vontade de ler esse livro, a capa é linda e 800 páginas? Grande em?
Espero poder conferir logo.
Beijos,
sonhando-com-livros.blogspot.com.br
Parabéns pela resenha Juliana! Já li Cisne e curti bastante, só achei o começo um pouco lento e me confundi um pouco com o excesso de personagens. Beijo!
ResponderExcluirAtualmente estou lendo Cisne também. A estória é realmente cativante, com personagens bastante carismáticos! Mas ás vezes, os Melbourne podem ser um tanto quanto perfeitos demais - acredito que a autora exagerou um pouco neste aspecto, torná-los muito acima da média, principalmente Peggy. Meu personagem favorito até agora com toda a certeza é Tim! A relação entre ele e Peggy realmente é bastante próxima, e até eu estou com um pouquinho de esperança que se torne algo mais no decorrer dos livros - afinal eles não são irmãos de verdade. Ótima resenha!
ResponderExcluirClara
labsandtags.blogspot.com
Mesmo que fosse para crianças, acredito que teria curiosidade na leitura sim, pois é sempre bom voltar aos velhos tempos! haha
ResponderExcluirBeijos,
Caroline, do Criticando por Aí.